Schwan (2002) revela que as fibras do cabelo humano são conectadas entre si através do aminoácido chamado cistina, que faz com que o fio não se dissolva na água. Na verdade, a água é de grande importância para a qualidade e comportamento do cabelo. O cabelo é considerado um elemento altamente hidrofílico, isto é, atrai a água, pois contém várias cavidades onde as moléculas de água se alojam. Esta água absorvida pelo cabelo pode estar tanto em estado de vapor (umidade do ar) quanto no estado propriamente líquido. Estas moléculas de água são absorvidas não apenas superficialmente, da mesma forma que uma esponja absorve a água, mas também para o interior do fio, onde ficam quimicamente interligadas. Ao secar o cabelo, não só evapora a água que se encontra em sua superfície, mas também, dependendo do calor aplicado, parte da água que foi absorvida no interior do cabelo. As fibras de cabelo atraem as moléculas de água que se encontram no ar para manter um equilíbrio com a umidade ao redor. Estas fibras são chamadas de higroscópicas. Até mesmo um cabelo cuja aparência é extremamente seca contém pelo menos uma umidade residual de uns 15% de seu peso. Esta porcentagem é considerada o nível mínimo de umidade normal de um cabelo que não tenha sido cosmeticamente alterado. O autor ainda relata que quase todas as propriedades do cabelo são determinadas pelo seu comportamento higroscópico (nível de absorção de água), incluindo a aparência, a maleabilidade e a capacidade de manter seu estilo.
A resistência à tensão é para Schwan (1999), uma das propriedades mais surpreendentes do cabelo. Ele faz uma comparação entre às células das capas exteriores da pele e as células do cabelo, ressaltando que, em comparação com a primeira, as células do cabelo são muito mais bem conectadas. Mas, esta aderência inerente às fibras do cabelo se deve ao encaixe e outras protuberâncias presente nas células que funcionam como perfeitos ganchos para que elas se grudem formado uma estrutura como quebra-cabeças em forma tridimensional. O fato de estar presa uma com a outra evitar que haja deslizamento entre as células. Entre as células existe um material específico que proporciona uma melhor aderência- o cimento intracelular (lamelae intracelular). É este cimento celular, unido com as primeiras membranas das células vizinhas, que vai formar o que chamamos complexo da membrana celular do cabelo. Este cimento intracelular é formado no folículo piloso, quando as células, devido a sua migração e crescimento, vão se comprimindo cada vez mais para o exterior. Ele preenche por completo o espaço entre as células atuando como a cola que as mantém unidas.
Além do cimento intracelular há uniões entre células, semelhantes a “cicatrizes”, que são conhecidas como pontes entre células, conforme Schwan (1999). Acrescenta ainda que, outro tipo de conexão freqüente entre as células encontra-se nas bordas das células da cutícula e são chamadas proteínas transmembrânicas. Estas dão o acabamento às células aderidas umas às outras, ao longo de sua respectiva membrana celular. O autor enfatiza que a fixação mecânica (encaixes), cicatrizes e acabamentos parecem ser os sistemas que a natureza utiliza para dar o máximo de sustentação aos compostos da cutícula do córtex.No entanto, esta estrutura, bem elaborada pode sofrer processos de deterioração devido ao estresse diário, surgindo, assim, a necessidade de recuperação da haste capilar. Esses desgastes podem ser provocados por diferentes fatores, sejam externos ou não. As formulações químicas transformadoras, por exemplo, causam desde um simples trauma até danos mais sérios, podendo ser agravados, quando combinado com trauma mecânico, como a escovação diária. Segundo, Camacho & Fernando (1988), o sol, pente, lavagens, secadores e tricotilomania são fatores que propiciam a tricorrexe nodosa, que é considerada um fator de degradação para a cutícula. Havendo essa degradação cuticular, conseqüentemente há exposição do córtex, que pode culminar na desidratarão da haste e a ruptura da estrutura do cimento intracelular acarretando a quebra.
As figuras a seguir apresentam as características da haste, quando esta perde sua estabilidade estrutural, provocada por algum tipo de trauma.
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